quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Papel de pão

Ouvindo Pedro Mariano, nestes dias, lembrei-me de uma vez que, dei um presente pra uma prima que gostava muito quando criança, mas não me dava a mínima, era bem interesseira, e eu ficava perto dela mesmo assim. Embrulhei o presente, pequeno, num papel de pão. Toda feliz fui até à casa dela, subi um morrão, entreguei, e ela (...)? Hoje, isso não me deixa triste, mas mostra que existem pessoas "papel de pão" e pessoas sem nenhuma reação.
As pessoas embrulhadas em "papel de pão" têm dentro de si o que outras nunca imaginariam receber de bom; são simples, comuns, não chamativas, sem brilho de um papel de presente normal, e é só esta a diferença. O grande problema de algumas pessoas assim é não ser compreendido - e hoje quem é, não é mesmo?! As pessoas passam perto sem focar o olhar, sem parar pra tocar, ou puxar papo... e quem ousa, dificilmente, deixa de extrair um sorriso e conceder um.
É aí que está a pérola das pessoas "papel de pão": as que interagem com elas não serão as mesmas, a própria não será. As pessoas "papel de pão" gostam de dar de si, nem que seja um olhar empático e rápido num encontro de calçada, com alguém triste e cabisbaixo. Doar, se doar, se doar... elas não querem só isso. As pessoas "Papel de Pão" buscam a grande oportunidade de estarem em mãos de um apreciador de sutilezas a quem desejam pertencer e serem possuídas como presentes dados com o coração.

Ps.: Hoje faz 29 anos da morte da mãe de Pedro Mariano. Elis Regina.

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