terça-feira, 5 de abril de 2011

O elo desconhecido e desagradável - reflexões sobre comer

Alimentação: Prazer x Compulsão
Conceição Trucom

Um fato é certo: quando estamos em paz esquecemos de comer e de sentir fome. A felicidade que vem do equilíbrio e da paz, nos coloca num estado vibracional tão mágico, que não precisamos comer. A sensação é de que a plenitude da paz nos nutre muito mais qualquer alimento "físico".
Neste estado, compare-se com uma criança que, feliz, cheia de vida e intensidade, não sente a menor vontade de comer. Não é verdade? Os pais é que ficam lá, azucrinando-a, tentando aborrecê-la, distraí-la para que sinta necessidade de comer.
Se os pais deixarem aquela criança comer só quando sentir sua verdadeira necessidade, terão a experiência de vê-la comendo com real PRAZER.

Bem, isso é uma longa conversa, e muito provavelmente, é a causa de existirem tantas pessoas onde a compulsão por comida é uma realidade, um problema.

Fácil de perceber, alimentar-se por uma demanda de compulsão é um "comer" com
insaciedade, com gula, um comer até acabar o pote, o pacote, a panela. Segundo o Aurélio, comer significa colocar qualquer coisa goela abaixo. Diferente de alimentar-se que significa nutrir-se.

Ah! Muita culpa, muita indigestão (inclusive dos pensamentos), muito mal-estar. O corpo todo fica arrebentado, ultrajado. Um exagero, um absurdo, um tsunami passou pela sua despensa ou geladeira.

É, a compulsão alimentar é um distúrbio de comportamento em que a pessoa "come" em excesso, de forma descontrolada, muitas vezes sem perceber e SENTIR O SABOR do alimento. Muita ansiedade, ausência de PRESENÇA e de PRAZER.

A mente se torna obcecada por comida. O emocional acredita que vai tapar "buracos" com comida. São desejos: por açúcar, sorvete, chocolate, pipoca, biscoito, fritura, enfim... termina um desejo, começa outro.

Sintomático deste comportamento é alternar períodos, quando o compulsivo perde o controle diante da alimentação, com períodos de dieta sofriiiiiiiiida. Vai uma tortura aí?
O comedor compulsivo é semelhante ao alcoólatra. Comemora comendo quando está alegre, e se entope de comida quando está triste, para esquecer.


Assim, ao contrário do que se pensa, a cura não virá com dietas ou controle alimentar. Neste caso, as dietas para emagrecer são entendidas pelo corpo como escassez de alimentos. Então, o organismo começa a armazenar tudo o que é ingerido. Ao mesmo tempo, envia sinais de que precisa de mais comida. Ou seja, engordar é natural.
O primeiro passo para resolver tal problema, ou seja, romper com esta dinâmica que é orgânica e emocional (mão dupla) é eliminar a culpa por comer. Aliás, culpa é toxina psico-emocional, como também um gerador de toxina orgânica.

O segundo passo é no momento da compulsão fazer uso de sucos, lanches ou sopas desintoxicantes, que nutrem, causam rápida saciedade, mas ativam os canais de excreção.

Excretar o que? Tudo o que precisa ser excretado. Idéias, conceitos, lixos orgânicos, emocionais, mentais, etc. É algo como quando vem a enxurrada e você escancara o ralo. Deixa sair todo o mal que vier. Então, vem a ansiedade e você deixa o corpo limpo e leve - descarregado - para poder serenar.

O terceiro passo é, a partir do corpo sendo diariamente esvaziado dos seus lixos, a pessoa começar a identificar as suas verdadeiras necessidades (autoconhecimento) e colocar a ação adequada para viabilizar uma futura colheita. Lei do karma: você só poderá colher se plantar e preparar o solo.


O grande termômetro da cura é quando a pessoa começa a diferenciar a fome por PRAZER de nutrir-se, da fome para abafar seus desconfortos emocionais, como a ansiedade (falta de fé), as falsas expectativas (preguiça de semear, de
se antenar e cair na real), as frustrações (preguiça de meditar, discernir, pensar e planejar) e os medos (preguiça de aventurar-se e crescer).
Ah! Dentro das falsas expectativas, é muito importante adequar a sua imagem corporal a padrões realistas e assumir que talvez não seja possível ser tão Gisele Bundchen quanto se deseja.
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É muito triste, e constrangedor se ver refém de algo tão normal pra algumas pessoas, tão simples pra muitas, e aterrorizante pra outras das quais incluo-me: o comer. Fiquei surpresa com a precisão da sensação descrita nesse texto, "quando estamos em paz, esquecemos de comer", esta é uma sensação que experimentei por muitas vezes na minha infância, e era ótima, o dia, as brincadeiras, viver, tudo isso me importava muito mais que comer, e minha mãe sempre pegava no meu pé. Só queria saber de andar de bicicleta, ir à quadra, brincar com a melhor coleguinha da rua.
De onde começou tudo isso? O que eu fiz com a minha paz? Bagagem compulsória da responsabilidade de ser gente grande? Compreendo, mas então ser gente grande significa não ter paz? Silêncio. Duplo silêncio, tanto da falta de resposta - momentânea - como do silêncio que tenho experimentado de uns dias pra cá, e que infelizmente não conseguiu tirar de mim as preocupações do dia, a pressa das resoluções, a ansiedade das concretizações.
Viver é isso?! Tomara que não, por isso quero encontrar um caminho melhor, isto não é viver, é se acomodar por não poder sair "decentemente" de um ciclo de vida triste. Não. Não estou reclamando, nem procurando desculpa pra desistir das lutas, elas sempre existirão, mas não basta só motivação, e sim a conscientização pra se chegar a esta. As angústias do momento não podem atrapalhar as conquistas do meu dia... e de maneira alguma as revoluções do meu futuro.

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